segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Somos todos Pinheirinho!

Ato em solidariedade às famílias que foram covardemente reprimidas com com a invasão da polícia à ocupação do Pinheirinho em São José dos Campos:




Veja a programação de outros atos pelo Brasil:

• São José dos Campos - dia 23/01 - 9h na Praça Afonso Pena
• Belém - dia 23/01 - 09h na ALEPA
• Belo Horizonte - dia 23/01 - 16h na Praça da Liberdade
• Brasília - dia 23/01 - 10:30 no gramado do Congresso Nacional
• Criciúma - dia 23/01 - 15:30 na Praça Nereu Ramos
• Curitiba - dia 23/01 - 17h na Boca Maldita
• Fortaleza - dia 23/01 - 17h na Rua 13 de maio
• Franca (SP) - dia 23/01 - 17h no Terminal de Ônibus
• Guarulhos/SP - dia 23/01 - 17h Praça da Matriz
• Juiz de Fora - dia 23/01 - 17h no Calçadão
• Londrina - dia 23/01 - 18h no Calçadão
• Macaé - dia 23/01 - 17h na Praça Veríssimo Mello
• Maceió - dia 24/01 às 9h no Centro da cidade
• Niterói - dia 23/01 - 17 h em frente as barcas
• Porto Alegre - dia 23/01 - 12h na Esquina Democratica
• Rio de Janeiro - dia 23/01 - 16h Largo da Carioca, Centro
• Teresina - dia 23/01 - 14h na Praça do Fripisa
"Nem casa sem gente, nem gente sem casa! Pinheirinho Resiste!"

Moção de apoio às lutas contra o aumento nas passagens e ao povo de Teresina

Nós, militantes estudantis das tendências Resistência Popular e Organização Popular Aymberê, nos solidarizamos com a população de Teresina – PI, que, assim como em Vitória, Maceió, Rio de Janeiro, Recife, Joinville e vários estados do país, está passando por um processo de luta contra mais um extorsivo aumento no valor das passagens do transporte público; e repudiamos as ações da polícia militar que durante as mobilizações do dia 10 de Janeiro massacraram a população, agredindo e prendendo aqueles que ousaram se organizar e lutar pela garantia de um direito que deveria ser assegurado pela constituição e, no entanto, é violado constantemente pelas empresas privadas e pelo poder público (que de público tem muito pouca coisa).
O povo de Teresina já passou de seu décimo primeiro dia de mobilização e a mídia coorporativa continua tentando forjar uma falsa polarização entre aqueles que lutam (em especial os estudantes) e a população no geral, tentando jogar o conjunto do povo ainda desmobilizado contra as reivindicações, como se o conjunto de trabalhadores, desempregados e informais não sofressem na pela com a péssima qualidade do transporte público e suas altas tarifas. Às reivindicações contra o aumento das passagens e a integração entre prefeito, governador e empresários, é dada a truculência e a repressão. Mais uma vez as polícias demonstram a que vieram e qual o papel jogam dentro desse sistema de dominação capitalista.
Não há nenhuma novidade na atuação do empresariado do transporte nessas cidades, assim como em todos os lados do país. Sua razão de existir é única: se enriquecer na medida da alta exploração de seus trabalhadores, com extenuantes jornadas de trabalho, péssimos salários, pouquíssimos direitos e na proporção de um serviço de péssima qualidade para o povo. Além de pagarmos um preço nas tarifas de ônibus que são verdadeiros atos de extorsão temos de ser transportados em situações no mínimo degradantes: ônibus velhos e caindo aos pedaços, superlotação, falta de linhas e horários adequados, falta de estrutura para transporte de passageiros com deficiência física, dentre uma infinidade de outros problemas.
Cabe a nós enquanto povo cerrar o nosso punho para golpear esse inimigo: os empresários e sua tropa de choque instalada nas prefeituras e nos governos estaduais. Só com ação direta e na pressão conseguiremos forjar independência e protagonismo popular para barrar e reverter mais esse golpe de classe contra nós, estudantes, trabalhadores, desempregados, oprimidos!


Ato contra o aumento no RJ
Manter-se firme na luta, pois só a luta constrói!
Nossa solidariedade à luta dos estudantes e trabalhadores de Teresina e de todos os cantos desse país!
Lutar, Criar! Poder Popular!

 Assinam:

Tendência Estudantil da Resistência Popular /RS (http://tendenciaestudantilrp.blogspot.com/)
Comitê Estudantil da Resistência Popular/AL (http://resistenciapopular-al.blogspot.com/)
Organização Popular Aymberê/SP (http://opaymbere.wordpress.com/)




terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Série ELAOPA 2011

O Passa Palavra divulgou este mês uma série de 3 partes correspondentes a vivência do IX Encontro Latino Americano de Organizações Populares Autônomas (IX ELAOPA), realizado em janeiro de 2011, em Jarinú (SP). A Resistência Popular - AL se fez presente no espaço.

Confira:


- Parte I - Apresentação -

Nesta primeira parte, o vídeo enfatiza algumas das dificuldades que antecedem a realização de um encontro deste tipo, expõe o tema que balizou as discussões e apresenta brevemente o local que acolheu e forneceu estrutura para o evento. (Por Passa Palavra)

ELAOPA - Parte I from Passa Palavra on Vimeo.



- Parte II - Iniciativas de Poder Popular
A segunda parte traz uma apresentação das experiências de fortalecimento do Poder Popular na América Latina a partir das organizações autônomas presentes no ELAOPA e as dificuldades encontradas nos seus locais de atuação. Mostra ainda um relato da vivência dos movimentos que enfretam desocupações em prol das obras da Copa do Mundo no Brasil.

ELAOPA - Parte II from Passa Palavra on Vimeo.



- Parte III - Cultura e Comunicação Popular -
A terceira e última parte apresenta os reponsáveis pela difusão da cultura das ruas e no poder popular a partir de estratégias alternativas, como a música, o muralismo e o futebol.

ELAOPA - Parte III from Passa Palavra on Vimeo.


Acesse: Passa Palavra.Tv

A luta no local de trabalho contra a burocratização sindical

Somente os trabalhadores organizados podem construir o caminho de sua libertação. Essa máxima nunca deixou de ser atual. Apesar de ser sempre lembrada não é regra vermos uma prática militante que esteja em sintonia com esses preceitos.
A luta sindical no Brasil e no mundo se encontra, em sua maioria, impregnada por práticas que não colaboram com as idéias de emancipação humana. Sindicatos, que deveriam ser instrumentos de luta da classe trabalhadora, muitas vezes estão a serviço de governos e patrões. A base, cada vez mais afastada das direções, delega para um número restrito de pessoas a capacidade de lutar por seus direitos. Diretorias se eternizam no comando de organizações classistas. Alguns há muito tempo não trabalham mais e não sentem na pele os problemas do dia a dia do trabalho. Tudo isso colabora para uma burocratização dos sindicatos e atrapalha a construção de uma cultura de reivindicação que coloque o conjunto da classe como protagonistas do processo.
O problema central, no entanto, não está na mudança das direções atuais. Precisamos, acima de qualquer coisa mudarmos a forma de se fazer luta sindical. Precisamos fazer com que os próprios trabalhadores se envolvam na lutas sem intermdiários. É certo que a maioria dos sindicatos se encontram está nas mãos de pessoas que não se interessam por qualquer mudança dessa lógica e que isso seria um grande entrave no processo de mudança. Mas não é a mera troca de diretoria que resolveria o problema. Nós preferimos investir numa lógica diferente e que a ocupação da direção de sindicatos seja uma conseqüência e não o objetivo principal.
Lutar por seus direitos seja para mantê-los ou para ampliá-los é a principal maneira de despertar o trabalhador para a mobilização social. Porém as lutas precisam ser orientadas para um projeto maior. Vivemos numa sociedade injusta, onde governos e patrões controlam a situação. A resolução total de nossos problemas somente será possível se tivermos um projeto de uma nova sociedade. Acreditamos no Poder Popular, que nada mais é que o poder do povo oprimido frente os seus opressores no objetivo de se acabar com todas as injustiças políticas, econômicas, culturais, etc.
Não precisamos esperar o triunfo do Poder Popular para nos mobilizarmos. Podemos lutar por diversas coisas aqui e agora. A luta dos trabalhadores orientada por um projeto de libertação, que é o Poder Popular, se faz nos locais de trabalho, moradia e estudo. Especificamente no caso sindical enfatizamos a luta no local de trabalho.
Seguir esse caminho no lugar da burocratização é difícil, mas o único que pode nos levar aos nossos objetivos. O envolvimento dos trabalhadores diretamente nas lutas é fundamental. Descentralizar o poder decisório de nossas entidades é fundamental. Cada trabalhador deveria ter acesso a um organismo para que, junto com seus colegas, possam discutir a realidade que o cerca e buscar soluções.
A diretoria de um sindicato tem um papel importante na condução de algumas etapas do processo, mas tem que estar totalmente às diversas instâncias de decisão. A pressão sobre o patrão acontece de modo mais forte pelo conjunto da categoria do que por acordos entre o opressor e as direções sindicais. Mesmo que o caminho seja mais longo e desgastante, a chance de chegarmos ao objetivo é maior.
De fato vivemos num mundo cada vez mais egoísta, onde as pessoas muitas vezes preferem ver o futebol ou a novela do que lutar contra uma injustiça que presenciou no seu emprego. Mudar a cultura individualista não será fácil. No começo podemos agregar poucas pessoas, mas é com essas pessoas que podemos começar um trabalho que poderá se ampliar e contagiar toda uma categoria. É uma alternativa que tem que ser ousada.
Acreditamos que um mundo sem injustiças e livre é possível. Acreditamos que isso deverá ser feito pelos povos oprimido do mundo. Acreditamos que todos trabalhadores são oprimidos. Acreditamos que nosso projeto é o Poder Popular. Acreditamos na luta por direitos nos locais de trabalho, então não temos outro caminho. E por termos a convicção de tudo isso é que convidamos você a se juntar nessa luta.


*Disponível na versão impressa do periódico Resistência Sindical, distribuído em sindicatos e locais de trabalho de Alagas, Janeiro de 2012.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Banditismo por uma Questão de Classe*

Num mundo cercado por miséria e violência nasceu o Cangaço

As origens do Cangaço como fenômeno social que alastrou o nordeste Brasileiro, particularmente a região do sertão, tem influência da forma como foi colonizada nossas terras. Com a expulsão dos índios e a escravidão indígena e negra, veio a colonização com as lavouras de cana na região mais próxima do mar e mais tarde as fundações das extensas fazendas de criação de gado, hoje chamadas de latifúndios, nas regiões mais afastadas do litoral. O clima de violência é marcado não só desse tempo, mais também após a escravidão, quando os pobres se veem desprovidos de terra, vivendo num ambiente cercado pela miséria e pela violência dos coronéis e do Estado.
A falta de perspectivas de vida, em um ambiente cercado de violência de todos os tipos, bem como a cultura de honra e orgulho que foi gerada no povo do sertão, são alguns fatores que levaram muitos homens a entrar na vida do banditismo.
O cangaço foi um tipo de banditismo que se iniciou por motivos de vingança entre famílias, incluindo as das próprias elites por divergências políticas, questões de herança, salvaguarda das terras etc. Alguns cangaceiros eram pequenos proprietários, mas é entre o povo pobre que ele irá florescer com mais força. Existiram cangaceiros que faziam serviços para fazendeiros, coronéis e políticos. Outros eram levados a vida bandida por iniciarem brigas e nunca mais poderem voltar para suas antigas vidas, sendo perseguidos pela família rival, por capangas ou mesmo pela polícia. Mas é quando o cangaço passa a ser meio de vida, uma profissão, que vai se tornar o fenômeno que ouvimos falar em nossos dias.

Lampião e Corisco

O cangaço se torna meio de vida com Virgulino Ferreira (O Lampião), o cangaceiro mais conhecido e temido do sertão.
Conta a História que, ao se meter numa briga de famílias, Virgulino fugiu de Pernambuco e veio para a cidade de Água Branca em Alagoas. Por volta de 1920, ainda nessa cidade, ele decide se tornar cangaceiro para sempre, após participar de um grupo de cangaceiros e assumir sua chefia e depois formar seu próprio cangaço. Lampião e seu bando retorna a Recife e sai por vários estados do nordeste, roubando e causando temor e respeito por onde passava. Lampião foi temido por muitos coronéis, que até então eram a lei e a justiça no sertão nordestino.
Lampião e seu bando ditavam as regras por onde passavam e organizaram um poder paralelo ao do estado, ficando conhecido não só no nordeste, mas em todo o Brasil, com sua fama causando repercussão até internacional. Ele foi chamado de “Rei dos Cangaceiros” e até de “Governador do Sertão”.
Outro cangaceiro famoso foi o Alagoano Corisco, que havia participado do bando de Lampião e por divergências com esse, formou o seu próprio grupo. Eles continuaram amigos e tratavam-se como compadres. Seus grupos se encontravam em algumas ações e faziam festas juntos.
Cristino Gomes da Silva Cleto nasceu em 1907 em Matinha de água Branca/AL. Em 1926 resolve entrar para o cangaço, quando recebe o nome de Corisco por causa de sua rapidez. Corisco também ficou conhecido como o “Diabo Loiro”. Era tão temido quanto Lampião. Conta a História que quando Corisco soube da morte de seu compadre Lampião, ficou louco por vingança e foi buscar o suposto assassino cortando a sua cabeça e a mandando as autoridades.
Quando Lampião e seus cangaceiros foram assassinados, no ano de 1938, suas cabeças foram expostas na escadaria da cidade de Piranhas/AL, depois as autoridades as levaram em cortejo por varias cidades até Maceió e finalmente foi levada para Salvador, onde ficaram expostas até o ano de 1969, quando foram então sepultadas por pressão das famílias dos cangaceiros.
A morte de Lampião e depois a de Corisco em 1940, marcam o fim do cangaço.

Maria e Dadá

O cangaço, que se iniciou no final do sec. XIX e começo do século XX, só permitiu a entrada de mulheres no ano de 1930. Essa participação começa com Maria Bonita, companheira de Lampião e depois com Dadá, companheira de Corisco. Foram as cangaceiras mais destacadas, não só por serem companheiras dos dois maiores cangaceiros, mas por suas personalidades fortes. Maria e Dadá foram duas guerreiras que pegaram em armas e também saíram fazendo justiça pelo sertão.
Com a entrada da mulher, o cangaço começa a se modificar, ficando menos sanguinário pela sua influência e mais cauteloso pois chegavam também os filhos e se organizaram como grandes famílias.
Outras cangaceiras conhecidas foram Inacinha, Sebastiana, Cila, Lídia e Neném do Ouro.
A cabeça de Maria Bonita também foi decepada e exposta junto com as dos cangaceiros do bando de Lampião. Dadá sobreviveu a emboscada que matou Corisco e contou sua História vivida no cangaço até o ano de 1994 quando faleceu.


Banditismo por Uma Questão de Classe...

São muitas as pessoas que admiram a história do cangaço, mesmo não concordando com tudo o que era feito. Lampião e o cangaço são relembrados, na literatura de cordel, no artesanato, em músicas e diversos filmes. O cangaço foi mais um episódio na História do Brasil feito pelos oprimidos, que desafiou o poder das elites e fez justiça com as próprias mãos. Mas não se pode reivindicar tudo. A violência e o ódio gerado nos cangaceiros muitas vezes chegavam a ceifar vidas de pessoas inocentes. O estilo sanguinário desses também não pode ser visto como modelo de nossas lutas hoje. E também eles não se propunham a isso. Os cangaceiros não queriam mudar de fato a estrutura social, mas apenas ter uma vida melhor pra seus bandos
Outra coisa é que apesar do cangaço ter se tornado um rival dos grandes proprietários de terras, os cangaceiros sempre mantiveram relações com fazendeiros e políticos, com o intuito de manter influência por onde passavam. O que fazia com que alguns grupos das elites se beneficiassem das ações dos cangaceiros.

Apesar de tudo isso, os cangaceiros devem ser relembrados, pela valentia em enfrentar os poderosos. A violência das elites ainda não acabou, no sertão ainda impera o coronelismo e o latifúndio. A terra continua mal distribuída e reina a pobreza e a cultura do medo. Felizmente, temos a luta dos movimentos sem terra, que desafiam os coronéis, de maneira diferente do cangaço, mas que traz esperança de dias melhores para o povo. Reinventar cangaços é preciso! Um cangaço que mude a estrutura social que vivemos. Um banditismo por uma Questão de Classe.

BANDITISMO POR PURA MALDADE
BANDITISMO POR NECESSIDADE
BANDITISMO POR UMA QUESTÃO DE CLASSE!!
(Chico Science & Nação Zumbi)




*Disponível na versão impressa do periódico popular Quilombola, distribuído na Zona Sul de Maceió/AL, Out-2011.