segunda-feira, 8 de novembro de 2010

[Sindical] Rearticulação do Movimento Sindical Brasileiro

REARTICULAÇÃO DO MOVIMENTO SINDICAL BRASILEIRO

A classe trabalhadora precisa se organizar para lutar por seus direitos. Ao longo da história, presenciamos várias tentativas de organização. Graças a essas lutas, tivemos algumas conquistas garantidas, apesar de terem ocorridos várias derrotas. Para nós, as conquistas por direitos mais imediatos só ganham sentido se vierem orientadas por um projeto de mudança social. É por termos consciência da sociedade injusta em que vivemos e por acreditarmos que as mudanças se darão a partir da luta dos oprimidos é que acreditamos na organização da classe trabalhadora.

No Brasil, a classe trabalhadora começou a se organizar de maneira mais efetiva, enquanto tal, no começo do século XX. Nessa época predominava o que chamamos de sindicalismo revolucionário. Essa prática se caracteriza por uma ativa participação da base, que se organizava de maneira federada desde os locais de trabalho. A luta do sindicato se construía pelos próprios trabalhadores e as diretorias dos sindicatos estavam subordinadas a essas decisões. Não se delegava a ninguém a capacidade de se lutar, pois isso só era possível se os trabalhadores da base abraçassem a idéia. Outras características importantes do sindicalismo revolucionário são a independência política, que garantia que os sindicatos não fossem controlados por partidos políticos, e a independência dos governos para que os trabalhadores pudessem se organizar com seu próprio esforço na luta contra os patrões e os governos que os representam. As lutas se construíam no dia a dia das greves, piquetes, campanhas salariais ou por melhores condições de trabalho, mas tudo isso era balizado pelo horizonte de transformação social.

No começo dos anos 80, no período onde a ditadura militar começava a enfraquecer, uma nova tentativa de organizar os trabalhadores surgiu. Na época, boa parte dos sindicatos estava atrelada de maneira muito forte ao governo e controlado por diretorias que faziam o jogo do patrão, que chamamos de pelegos. Nessa época, há um grande movimento que parte da base para buscar a retomada dos sindicatos para os trabalhadores. É nesse movimento que surge a CUT (Central Única dos Trabalhadores). Momento muito importante para a retomada das lutas, que novamente passavam a ser construída pela base. Infelizmente, muitos dos que impulsionaram a CUT se organizavam em partidos (principalmente o PT) que sempre se colocaram na disputa eleitoral. Nos primeiros anos, a CUT conseguiu levar à frente sua proposta e trazer para a luta vários trabalhadores, orientada por valores socialistas. Na medida em que os projetos dos partidos avançavam e seus membros começavam a ocupar os primeiros cargos nos parlamentos, prefeituras, etc., a CUT perdia sua independência e o que tinha de mais importante: a luta nos locais de trabalho. Passou assim a ser secundária de um projeto de disputa do poder do Estado. No governo Lula, a situação chegou ao limite e hoje a CUT porta-se muitas vezes como um departamento do governo e já não tem mais independência política.

Diante desse fato, vários grupos romperam com a CUT para tentar se reorganizar de forma a retomar o protagonismo dos trabalhadores. Muitos desses grupos tentam fundar uma nova central sindical, como exemplo a da central sindical saída do encontro denominado CONCLAT, ocorrido no meio desse ano. Discordamos dessa alternativa por acharmos que a construção de uma central sindical tem que ser oriunda da luta dos trabalhadores e não podemos inverter a ordem das coisas. Se ocorreram erros no passado, não podemos voltar a repeti-los e não podemos fazer o projeto de um ou alguns partidos políticos forjar uma realidade que não existe. A situação é outra e ainda temos muito a fazer, uma nova entidade nacional dos trabalhadores tem que ser conseqüência da luta que estamos dispostos a construir.

Nós da Resistência Popular acreditamos e apostamos na Intersindical como proposta de rearticulação do movimento sindical. Surgida em 2006, ela vem como alternativa de articulação nacional e pretende resgatar valores há muito perdidos. Adotamos os princípios do sindicalismo revolucionário e acreditamos que a Intersindical comunga de muitos desses princípios. Trazer a luta para os locais de trabalho é fundamental, pois a mudança tem que ser feita pela classe trabalhadora e não em nome da classe trabalhadora. Em novembro, ocorrerá o encontro nacional da Intersindical a ser realizado em Campinas/SP e estaremos construindo esse encontro para articular a luta a nível nacional ao mesmo tempo fazer um convite para que outros trabalhadores, da iniciativa pública ou privada, possam construir a Intersindical aqui em Alagoas.

Texto do Informativo do Comitê de Trabalhadores da Saúde da Resistência

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